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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

FAZER POLÍTICA COM SERIEDADE NESTE PAÍS É UTOPIA (UM DEPOIMENTO)

Faltando um pouco mais de um mês para encerrarem-se as atividades parlamentares da legislatura 2011/2014, em nome dos princípios que estabeleci para o meu primeiro e único mandato, quais sejam: Trabalho, Seriedade e Transparência, não posso deixar de explicitar que a atual política brasileira é vergonhosa.

Não porque deixei de ganhar as eleições para o quadriênio 2015/2018, com dúvidas é verdade, ante um Sistema Eleitoral anti-democrático, que não permite a recontagem dos votos, frente a evidências de fraudes, como foi o meu caso, pelas razões explicitadas no meu Ofício nº 42, envidado ao senhor Procurador-Geral Eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral em 9 de novembro de 2014 e postado no meu blog.

Ante um Sistema Eleitoral que permite, ainda que nos bastidores políticos, a prática desenfreada da corrupção, com processos de políticos sob suspeição nos tribunais, que gera o caixa dois, bancada pelo financiamento privado, que tem o seu preço cobrado a posteriori, com compras, serviços e/ou obras superfaturadas, com a aquiescência e a combinação entre os órgãos públicos e as empresas que os fornecem, prestam e/ou executam, quando o fazem (não raras são as vezes em que as compras, os serviços e/ou obras não são entregues ou são entregues em parte).

Não ter vencido as eleições, pelas razões que só o Tribunal Superior Eleitoral poderá explicar (se assim o fizer) para um segundo mandato não é vergonha.

Vergonha seria vencê-las desonestamente, como muitos o fizeram, a “peso de ouro”.

Depois de quase 4 anos de mandato, cheguei à triste conclusão que o Congresso Nacional não é a Casa do Povo, como muitos apregoam, bradando das tribunas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.

MENTIRA!!!

É preciso que um dos 513 deputados federais tenha a coragem de dizer isto em alto e bom som, não porque está de saída, mas porque sai envergonhado do que viu, assistiu e, felizmente, não se corrompeu, não como virtude, mas como obrigação, diante dos compromissos assumidos consigo mesmo e com o país quando do seu juramento de posse.

Em 48 anos de vida pública, com atuação nas três esferas da federação brasileira, nunca vi tantos “malfeitos”, para usar a palavra que foi cunhada como sinônimo de corrupção.

O Congresso Nacional é uma Casa de Negociações, desde as realizadas nas reuniões no Colégios de Líderes, nas Comissões Temáticas, nos Plenários das duas Casas, tudo sob a subserviência do Poder Executivo, que promove o “toma lá, dá cá”.

As negociações superam as votações que deveriam nortear os trabalhos das Casas.

Cada segmento partidário com as suas propostas, defendendo-as com as suas convicções e não interrompendo as seções, para depois dos conchavos feitos por alguns, em detrimento do todo, votar aquilo que foi “acertado”, não objetivando, quase sempre, a melhoria da qualidade de vida do povo.

Povo que só é lembrado de quatro em quatro anos, quando das eleições, quando do uso e abuso das definições de democracia pelos políticos, mentirosamente, exaltando a soberania popular; a doutrina ou regime político baseado nos princípios dessa soberania e da distribuição eqüitativa do poder.

Povo que, como beneficiário de esmolas, durante as gestões, torna-se presa fácil durante as mesmas, com “pão e circo”, como na antiguidade, bem como nos processos eleitorais, quando, enganado, com promessas que não se cumprem a curto, médio e longos prazos, como estamos presenciando, troca o instrumento mais importante de que dispõe para escolher os homens capazes, sérios e transparentes, em benefício dele próprio, por párias da sociedade, que enriquecem desavergonhadamente, impunemente, ou com punições brandas para os ilícitos que cometeram, às custas do sofrimento dos enganados.

Sei que alguns (ou muitos) ao lerem este depoimento, dirão: é um utópico.

Contradito, dizendo: se o preço a pagar pela reeleição era compactuar com os desmandos que vem ocorrendo em nosso país, com uma corrupção endêmica, com caixa dois, com a compra generalizada de votos, e tantos outros “malfeitos” (que não cabem num só artigo), prefiro a minha utopia e agradeço muito a Deus por não ter sido reeleito.

A grande e triste verdade é a que foi explicitada por Rui Barbosa que, passados 91 anos de sua morte, aplica-se por inteiro ao atual momento em que vivemos em nosso país:

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça , de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.