Por Carlos Alberto Lopes
Está
tudo muito bem, está tudo muito bom (?), com a decisão do Superior Tribunal de
Justiça, que ao julgar dois recursos: um do INSS, contestando a possibilidade
de renúncia à aposentadoria e outro de um segurado, alegando a desnecessidade
de devolução dos valores e apontando várias decisões proferidas pelo Tribunal
nesse sentido, por sete votos a zero, deu ganho de causa ao segurado e
rejeitou, pelo mesmo placar o recurso apresentado pelo INSS, que abre esta
oportunidade aos aposentados de rever as suas aposentadorias, mas, convenhamos,
esses homens e mulheres que trabalharam uma vida, cada qual em sua área de
atuação para o desenvolvimento do país, tendo as suas aposentadorias diminuídas
brutalmente por instrumentos como o malfadado”, “Fator Previdenciário”, que lhes retira 40, 50%, é uma covardia,
uma falta de reconhecimento, sobretudo quando mais precisam na terceira idade
(não venhamos com essa história de melhor idade), com o aumento de suas
despesas médicas, hospitalares, entre outras dessa fase da vida.
Mais
triste ainda é que a desaposentação, a desaposentadoria, a revisão de
aposentadoria, reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça, não seja
automática, por mera solicitação administrativa do segurado junto ao INSS,
fazendo com que o mesmo tenha que passar pelo dissabor de requerê-la à Justiça.
Quanta humilhação.
É
esse o preço a pagar por dezenas de anos trabalhados? Onde ficam os
instrumentos previstos no Estatuto do Idoso? Os aposentados terão que trabalhar
até a morte para poder sobreviverem; para ter um mínimo de dignidade? A
intenção é que a maioria dos trabalhadores aposentados brasileiros vivam com um
salário mínimo de R$ 678,00 (seiscentos e setenta e oito reais), que não dá
para comprar os seus remédios? E a alimentação, a moradia, para ficar só nestes
itens que compõem o salário mínimo?
Enquanto
nos outros países, os aposentados, os idosos, são venerados, aqui nos os
escorraçamos, tratamo-os como lixo, jogando-os, invariavelmente, em abrigos, à
suas próprias sortes. É de doer.
Se
os aposentados brasileiros não tiverem tido a oportunidade de fazer um plano de
previdência privada, nem sempre possível aqueles que tinham salários reduzidos,
a não se reconhecer esta chaga nacional, estarão fadados a morrer à mingua, de
favores de seus semelhantes.
Carlos Alberto Lopes é deputado federal pelo Rio de Janeiro