Termina hoje, 1 de fevereiro de 2015, o meu mandato de deputado federal da República Federativa do Brasil.
Parafraseando o apóstolo Paulo, em sua segunda carta a Timóteo, capítulo 4: “Combati o bom combate, cumpri a minha missão, guardei a fé”.
Para atingir a esses objetivos, assentei a minha atuação em 3 princípios: Trabalho, Seriedade e Transparência.
Não o fiz como virtudes e sim como obrigação, que todo homem público deve ter, em especial os parlamentares.
Depois de 48 anos de efetivos serviços prestados ao meu país, posso afirmar que, infelizmente, nos dias atuais, trabalhar com seriedade e transparência, passa a se constituir em virtude.
Posso afirmar que “nunca antes na história desse país...”, se cometeram tantos desvios de conduta, apelidados intencionalmente de “malfeitos”, para não ter que explicitá-los como corrupção.
Corrupção que foi negada até onde puderam e que só começou a tornar-se explícita, a partir do momento em que um deputado, que dela participara, resolveu tornar-se franco atirador.
Negação que pude presenciar, não só pelo noticiário da mídia, mas também nas falas dos deputados e senadores do partido governamental e dos partidos aliados, que inúmeras vezes foram às tribunas das duas Casas do Congresso Nacional para, de forma veemente, dizer que não havia corrupção nas gestões governamentais do Partido que iria mudar o país e que muitos acreditaram.
Marionetes do Poder Executivo, partícipes e beneficiários da corrupção para, entre outras coisas, reelegerem-se à custa do erário, enriquecerem, ou incautos que não tinham conhecimento da verdadeira dimensão da corrupção endêmica, metastatizada em todo o país, a partir do mensalão, dos desvios de bilhões e bilhões da Petrobras que, a cada dia, vem sangrando mais e mais???
Deixo o Congresso Nacional triste, não por não ter sido reeleito, mas por ter a consciência de que, apesar de ter envidado todos os meus esforços, nos debates nas Comissões das quais participei; nos debates no plenário; nos debates no Colégio de Líderes da Câmara, como líder do meu partido (PMN); nas denúncias que fiz da tribuna, não consegui, na maioria das vezes, defender o melhor para o povo brasileiro.
Na Câmara Federal aprendi a máxima de que “contra a força não há resistência”.
A Câmara e o Senado são tutelados pelos poderosos que tem o poder em suas mãos, emanado da corrupção.
Aqueles que eventualmente possam dizer que estou cuspindo no prato em que comi, contradito, afirmando que para que tenhamos um Brasil mais justo e fraterno, é necessário que se tenha a coragem de indignarmo-nos com tudo o que vem ocorrendo em nosso país, de uma forma desavergonhada, afrontosa, desmesurada, sem limites, sob o manto do “não vi, não sei, não participei”; sob o manto do descaramento.
Não vencer as eleições para um segundo mandato não é vergonha. Vergonha seria vencê-las de forma desonesta, como muitos o fizeram.
Se o preço a pagar pela reeleição era compactuar com os desmandos que vem ocorrendo em nosso país, com uma corrupção avassaladora, com caixa dois, com a compra generalizada de votos, produto da roubalheira do dinheiro do povo, e tantos outros “malfeitos”, agradeço muito à Deus por não ter sido reeleito.