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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

DEPUTADO DR. CARLOS ALBERTO PRESTA ÚLTIMA HOMENAGEM A OSCAR NIEMEYR


NIEMEYER PENSAVA QUE ERA ATEU E COMUNISTA

Por Carlos Alberto Lopes

Com todo o respeito àqueles que não crêem em Deus e os que ainda defendem o Sistema Social, Político e Econômico desenvolvido teoricamente por Karl Marx e proposto pelos partidos comunistas como etapa posterior ao socialismo, rótulos à parte, Oscar Niemeyer que, por divergências, deixou de sê-lo, na minha visão, não era nem uma coisa, nem outra.

A genialidade de suas obras arquitetônicas brasileiras e internacionais, por nós conhecidas, preteria a razão em favor da imaginação, da inspiração, para colocar a leveza das mesmas soltas “no ar”, como se estivessem flutuando; inspiração que vem dos deuses e que só é dada aos gênios, tornando-os imortais.

Assim foi o côncavo e o convexo do Congresso Nacional, representando a Câmara dos Deputados e o Senado Federal; a Catedral de Brasília, concebida em forma de uma coroa de espinhos com dezesseis pilares, com os apóstolos João, Lucas, Marcos e Mateus, em sua entrada e a cruz encimando-as; as colunas suspensas do Palácio da Alvorada, que eram o elemento arquitetônico mais importante desde as colunas gregas; o memorial à JK (Juscelino Kubitschek), colocando-o o ex-presidente nas nuvens, dentro de uma foice e um martelo, em Brasília, para, ainda que decepcionado com os caminhos do comunismo, prestar a sua homenagem; a mão aberta gigantesca de concreto sobre a qual escorre sangue no Memorial da América Latina, em São Paulo, que remete ao sofrimento dos povos da região; a Pampulha, onde funciona a Igreja São Francisco de Assis, em formato de montanhas, em Minas Gerais, dentre as mais de 500 obras e projetos pelo mundo afora.

Aqueles que o criticavam denominando-o de “arquiteto de palácios”, dos ricos, esqueceram-se que o “iluminado” Oscar, na impossibilidade de mudar os sistemas sociais, políticos e econômicos a sua feição, os concebia com funções sociais de serem museus, igrejas, escolas, passarelas (como a da Rocinha, na favela do mesmo nome), como o Sambódromo, os CIEPES, para que todos, de todas as classes sociais e credos, pudessem acessá-los ao mesmo tempo.

“Partir do princípio de que a arquitetura dos pobres tem que ser necessariamente pobre num ambiente de contrastes é uma forma de discriminá-los, de não sinalizar para a mudança”, disse ele sobre o projeto que fez para o seu próprio motorista, morador da Rocinha.

As obras públicas de Niemeyer, permitem a democratização dos espaços palacianos, episcopais, educacionais, econômicos, políticos e sociais, que jamais poderiam ser acessados se não fossem concebidos pelas mãos abençoadas e flutuantes do gênio sobre as pranchetas, que os riscava com a leveza das curvas da sua mente, alma e coração, da vida, que lhe foi dada por Deus.

Oscar Niemeyer não foi ateu e nem comunista. Foi um humanista que ficará para sempre em nossos corações. Descanse em paz.

Carlos Alberto Lopes é deputado federal pelo PMN/RJ