Total de visualizações de página

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

NOVA LEI SECA - ESTAMOS MALHANDO EM FERRO FRIO


 Por Carlos Alberto Lopes

No dia 21 de dezembro de 2012, a presidenta Dilma Rousseff, acertadamente, sancionou a Lei Federal nº 12.760, que altera novamente o Código de Trânsito Brasileiro.
Relutâncias à parte, por aqueles que insistem temerariamente em não obedecer às leis, porque acabam perdendo as suas vidas e tirando as de seus semelhantes, a presidenta tomou essa decisão às vésperas do Natal, com a intenção de diminuir os acidentes de trânsito em nosso país.

Ainda assim, a nova Lei Seca, que endureceu as penalidades previstas no Código, por exemplo, com o aumento significativo da multa que passou de R$ 957,70 para R$ 1.915,40; a possibilidade de provas testemunhais, por vídeos, fotos, com sinais de embriaguez dos condutores de veículos, tivemos um aumento de 38% do número de mortos no período de 21 a 25 de dezembro de 2012 em relação ao mesmo período de 2011.

No período mencionado, segundo registros da Polícia Rodoviária Federal, os acidentes nas estradas federais mataram 222 pessoas no feriadão de Natal; ou seja 50 pessoas por dia. Quantos morreram nas estradas estaduais e municipais? A conta deve ser muito maior. Quantos deverão morrer no feriadão de Ano Novo? No dia 26 de dezembro, antecedendo o Reveillon, na Via Lagos, no Estado do Rio de Janeiro, um acidente deixou dois mortos e quatro feridos.

Mas por que, ainda que haja iniciativas importantes como esta, não se consegue reduzir os números de acidentes de trânsito no Brasil?

Em razão da experiência que temos tido no Rio de Janeiro, já há quase 4 anos, de forma ininterrupta, com ações todos os dias da semana, e não episodicamente, com atividades somente nos grades eventos, em datas especiais, tipo Natal, Ano Novo, Carnaval, como ex-coordenador geral da política pública Operação Lei Seca, formulada por nós, posso afiançar, como já disse em artigo anterior, que podem fazer milhares de leis, que se não estabelecermos uma política pública nacional, que dê eficácia a essas leis, não chegaremos a lugar nenhum; continuaremos a perder os nossos entes queridos de forma trágica, com centenas de milhares feridos, mutilados e/ou mortos.

Tenho dito a uma só voz que as leis, se não forem seguidas de política públicas, tornam-se letras mortas; e políticas públicas caracterizam-se pela perenidade. Tão ou mais importante do que multar, devemos educar, sensibilizar, conscientizar, como fazemos todos os dias no Rio de Janeiro, com os nossos cadeirantes, nos bares restaurantes, casas de shows, boates.

Enquanto no Brasil, nos 12 meses posteriores a Lei Seca (junho de 2008) comparado-se com os 12 meses anteriores, conseguiu-se uma redução de 6% do número de mortes, no Rio de Janeiro, atingiu-se uma redução de 32%.

Com todo o respeito àqueles que insistem em editar leis para reduzir os acidentes de trânsito aqui e alhures, rogo aos governantes estaduais e municipais, que estabeleçam políticas públicas, com ações todos os dias, porque senão vamos continuar malhando em ferro frio.

Carlos Alberto Lopes é deputado federal pelo PMN/RJ