Por Carlos Alberto Lopes
A
Polícia Rodoviária federal divulgou hoje – 14 de fevereiro – os registros de
acidentes de trânsito nos 6 dias de fiscalização por ocasião do Carnaval de
2013 nas estradas federais.
Foram
3.149 acidentes; 1.793 feridos e 157 mortes.
Segundo
aquela valorosa instituição, num esforço hercúleo, com o emprego de mais de
1.100 agentes, o que representou um incremento de 50% em relação aos dias
normais e 20% a mais do que o efetivo empregado no Carnaval de 2012, foram
realizados 86.224 testes com bafômetros, uma média de 14 mil por dia,
representando um aumento de 183% em relação ao Carnaval de 2012; presas 607
pessoas de um total de 1.932 autuadas por consumo de álcool, o que, certamente,
contribuiu para a redução dos acidentes em 10%; de feridos em 19% e de mortos
em 18% em relação ao mesmo período do ano passado.
Parabéns
ao trabalho extraordinário realizado pela Polícia Rodoviária Federal.
Embora
as autoridades do Setor tenham o que “comemorar”, peço licença para ponderar
que esses números, para aqueles que, como eu, vivenciaram o dia a dia dos
acidentes de trânsito, durante 2 anos, no meu caso como ex-subsecretário de
estado de Governo do Rio de Janeiro, formulador e ex-coordenador geral da
política pública Operação Lei Seca, são catastróficos.
3.149
acidentes; 1.793 feridos e 157 mortes, em 6 dias, são números de guerras. Como
nos conformar com eles? Dos 1.793 feridos, quantos vão ficar inválidos para o
resto de suas vidas?
E
esses não são os números reais e finais, eis que se referem única e
exclusivamente as estradas federais.
Pergunto:
quantos acidentes, feridos e mortos ocorreram nas cidades, onde o fator de
ingestão de bebidas ocorre com muito maior freqüência?
Pelo
amor de Deus, pela enésima vez: podem elaborar milhares de leis, propor quantas
mudanças quiserem nos instrumentos legais já existentes que, se não
instituirmos políticas públicas nacionais, com ações todos os dias, não
chegaremos a lugar nenhum; lugar nenhum, porque se perdermos uma vida já é uma
tragédia. Perguntem a quem perdeu um ente querido quanto vale uma vida.
Pouco
ou nada adianta realizarmos ações episódicas, tipo Carnaval; Natal; Ano Novo;
Feriadões; Festas Juninas e outras que tais; porque essas não estabelecem um
processo contínuo de educação, sensibilização e conscientização da população.
Reitero:
tão ou mais importante do que a fiscalização, com a conseqüente punição, é a
conscientização, para mudarmos o nosso comportamento, como aconteceu no Estado
do Rio de Janeiro, com a aprovação de 97% da população.
Conseguimos
reduzir os índices? Sim; que bom, mas não podemos continuar a banalizar a
morte.
Carlos Alberto Lopes é deputado federal e
líder do PMN - RJ