Por Carlos Alberto Lopes
Peço permissão à colunista da Revista ÉPOCA - Ruth de Aquino - para fazer referência ao seu artigo "Seja Ativo e feliz", tornado público na edição número 790, de 15 de julho de 2013, para mostrar aqueles que me leem, o por que das legítimas manifestações de ruas no mês de junho pela população e como esta vê os políticos brasileiros.
Ruth começa o seu artigo assim: "Já pensou se todo mundo fosse para a rua protestar contra a sem-vergonhice dos políticos? Seria lindo, não haveria ruas suficientes".
O comentário não é da colunista Ruth de Aquino, ela apenas reproduz o que lhe disse a sua manicure, chamada Jô, cidadã brasileira, que tem 2 filhos, com 39 anos, e mora na Rocinha, no Rio de Janeiro.
Jô não foi as passeatas de junho por falta de tempo e porque precisa trabalhar duro para sustentar os 2 filhos, Laura e Davi.
O que deve ter querido dizer Jô, com essa frase magistral? Certamente, que a maioria dos políticos não tem vergonha dos atos que praticam, para defender os seus interesses pessoais em detrimento das necessidades do povo brasileiro.
Jô, expressou o seu sentimento de forma simples e popular, não sei se lembrado do prefeito de Sucupira, Odorico Paraguaçu, personagem de o Bem Amado, criado por Dias Gomes, interpretado por Paulo Gracindo, que fazia o papel de um político corrupto, que queria porque queria que morresse alguém na cidade para inaugurar um cemitério e que acabou morto por Zeca Diabo, este interpretado por Lima Duarte. Era o prefeito Odorico Paraguaçu que usava expressões do tipo "sem-vergonhice".
Jô estaria errada ao se manifestar dessa forma? Em recente pesquisa realizada pela ONG Transparência Internacional, sobre a corrupção no mundo, ela registra que 81% dos brasileiros acham os partidos políticos corruptos ou muito corruptos.
Não foi por outra razão que defendi da tribuna da Câmara que a corrupção tinha de ser tratada como crime hediondo (postado no meu blog: http://carlosalbertolopesrj.blogspot.com/ ), mesmo antes de saber da pesquisa, observada a celebre frase de Ruy Barbosa, que disse: "diante de ver triunfar tanta nulidade,...)
A exemplo do meu colega, deputado Ricardo Izar Jr., que é o presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que, numa matéria também da Revista ÉPOCA, na mesma edição do artigo da Ruth de Aquino, às fls 44 e 45, diz que não gosta de dizer que é político, quero igualmente dizer que estou com vergonha de estar político, parafraseando um ministro que em certa ocasião disse que não era ministro e sim estava ministro.
Digo isto com os sentimentos de arrependimento e de tristeza. Arrependimento, porque não queria ser candidato a deputado federal. Só o fui por ter sido o fomulador e o coordenador geral da política pública Operação Lei Seca, que, cumprindo o disposto no Art. 5o da Constituição Federal - "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza" - quebrou 2 paradigmas brasileiros: a "carteirada" e o suborno, a corrupção, e, por isso, muitos me incentivaram a fazê-lo; tristeza, porque, estando no meu primeiro mandato, achava que ia ajudar a endireitar o Brasil. Lêdo engano. Quanta pretensão...
Num outro promunciamento meu na Câmara, intitulado "Estamos" cegos e surdos, também postado no meu blog, concitei os meus pares com relação ao não atendimento efetivo das necessidades, das carências e dos anseios da população; que precisávamos votar projetos que tratassem dos seus legítimos interesses e não ficarmos numa briga fraticida entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Jô, sem querer ser melhor do que ninguém, em nome dos meus 67 anos de idade e 47 de efetivas ações em favor do meu país, peço, por favor, colocar-me fora da sua lista.
Que Deus te abençoe e aos teus filhos Laura e Davi.
Carlos Alberto Lopes está deputado federal pelo Rio de Janeiro e é líder do PMN