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quarta-feira, 16 de abril de 2014

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS (OKINAWA VEM AÍ)

A presidente da Petrobrás, em depoimento hoje – 15 de abril de 2014 - no Senado Federal, disse que a aquisição da Refinaria de Pasadena, em 2006, “sob o aspecto contábil” foi um mau negócio, minimizando o prejuízo de 1 bilhão e 200 milhões para 530 milhões de dólares.

Aspecto contábil? Qual o aspecto contábil? Que sejam 530 milhões de dólares (na verdade nunca ficaremos sabendo qual o real prejuízo), ou 1 bilhão e 160 milhões de reais; acham pouco? Falamos em perdas de bilhões de dólares ou reais como se fossem tostões. Bilhões são bilhões em qualquer parte do mundo, mas nós, como somos um país rico, desenvolvido, a 6ª ou 7ª economia do mundo, podemos perdê-los, sem problemas. É trágico se não fosse cômico.

O prejuízo de 1 bilhão e 200 milhões de dólares; ou 530 milhões de dólares; ou 1 bilhão e 160 milhões de reais, se deu porque o Conselho de Administração da Petrobras não informou à presidência desse mesmo Conselho, em seu famoso Relatório Resumido, duas cláusulas importantes, a saber: “put option” (que prevê a recompra no caso de desentendimentos), e a exploração do poço de Marlin (que previa um mínimo de reembolso em qualquer caso).

Ora, como o Conselho de Administração de uma empresa do porte da Petrobrás apresenta um Relatório Resumido, sem informações dessa natureza?; relatório decisório para a efetivação de negócio nesse montante.

Louve-se a coragem da presidente da Petrobrás que teve a coragem de dizer que a referida aquisição foi um mau negócio; que não se responsabiliza por quem o fez, ao contrário de parlamentares do governo que tem ido com freqüência à tribuna defender os “malfeitos” dos gestores da Empresa; que todos aqueles que assim interpretam, como a presidente da Petrobras, são contra a Petrobras.

Pois bem, em 2007, o mesmo Conselho de Administração autorizou a aquisição de 87,5% da Refinaria Nansei Sekiyu, em Okinawa, no Japão, por 71 milhões de dólares, de um grupo japonês ligado à americana Exxon Móbil, que, em razão de não processar o óleo pesado extraído em nosso país, levou a Petrobras a fazer investimentos bilionários para adequação e reparos; investimentos até aqui nunca informados pela Companhia.

Mais interessante é que a aquisição da Refinaria de Okinawa tinha a cláusula de “put option” e o presidente da Petrobrás à época informou recentemente que esse tipo de cláusula é normal nesses tipos de contratos, confrontando a direção do Conselho de Administração de que, no caso de Pasadena, só autorizou a aquisição porque não sabia dessa cláusula.

Dois pesos e duas medidas?

Por essas e outras razões é que precisamos instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito, seja específica para a Petrobrás, seja extensiva a outros “malfeitos” correlatos.