Em meados de março de 2014, quando surgiram as primeiras denúncias de que a PETROBRAS vinha fazendo negócios escusos com a empresa holandesa SBM OFFSHORE, a Câmara dos Deputados aprovou, em plenário, o Requerimento nº 9.534/2014, da oposição, para a criação de uma comissão externa de deputados para ir Holanda acompanhar as investigações.
Embora os líderes do partido governamental argumentassem, com veemência, como sempre, que as denúncias não tinham procedência, ainda que explicitadas pela própria empresa holandesa, eu votei a favor da aprovação do Requerimento.
Votei a favor porque já estava escaldado com o Mensalão; votei a favor porque um dos papéis do Parlamento, além de propor leis, é fiscalizar, sim, o Poder Executivo, com o auxílio do Tribunal de Contas da União, da Corregedoria Geral da União, da Procuradoria Geral da República (Ministério Público Federal), da Polícia Federal, dentre outros órgãos de controle.
O vice-líder do PT à época, deputado Sibá Machado, afirmou que tudo não passava de estratégia eleitoral da oposição, de olho na eleição de outubro; “A oposição escolheu pontos para sangrar até a eleição. A Petrobras cresce, aumenta investimentos, supera a expectativa de lucro e, ainda assim, a oposição vai dizer que ela não cresce”.
À época também, o líder do PT, deputado Vicentinho minimizou o impacto da votação do Requerimento que o aprovou por 267 votos a favor, 28 contra e 15 abstenções, inclusive com o apoio de quatro partidos da base aliada (PMDB, PR, PTB e PSC). “Vamos cumprir o que foi aprovado, mas o PT é o maior partido e estará em maior número”, como a quem diz: seremos maioria na Comissão e votaremos como nos interessar.
Em maio, a presidente da Companhia, Graça Foster, ao depor na Comissão Mista Parlamentar de Inquérito, no Senado Federal, afirmou que na documentação examinada por uma Comissão da Empresa não havia indícios que comprovassem suborno aos seus empregados e diretores por parte da SBM OFFSHORE.
Agora, a presidente da Petrobras confirma que houve suborno, sim, e a Corregedoria Geral da União já notificou os prováveis envolvidos da empresa para se manifestarem para, provavelmente, serem indiciados pelo Poder Judiciário.
Como podemos ver, não é a oposição que escolheu pontos para sangrar até a eleição. A situação é que escolheu a “galinha dos ovos de ouro” da Nação, para sangrá-la, quem sabe até a morte, para oferecer aqueles que já vem chupando o seu sangue há muitos anos.
Evidencia-se agora que são contratos com a SBM e as suas coligadas, muitos deles sem licitação, no valor de 27 bilhões de dólares, com propinas da ordem de 139 milhões de dólares.
A pergunta é: qual será a próxima facada?
Espera-se que os açougueiros possam parar na cadeia.