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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

SEMANA NACIONAL DE TRÂNSITO (O VIETNÃ BRASILEIRO)

De 18 a 25 de setembro, como se faz todos os anos, o nosso País, nos mais variados estados e municípios brasileiros, estará fazendo campanhas para conscientizar a nossa população sobre a necessidade de mudança de postura para a redução dos acidentes.

O tema central deste ano será: “Década Mundial de Ações para a Segurança no Trânsito – 2011 a 2020: Cidade para as pessoas: Proteção e Prioridade ao Pedestre”.

A pergunta que não quer calar é: Mas bastam campanhas mais incisivas anuais?

Os números, infelizmente, demonstram que não. Senão vejamos: segundo o DPVAT, esses números vem crescendo em nosso país, a saber: em 2008 morreram 57.116, enquanto as mortes por homicídios foram 50.113; em 2009, 53.052, enquanto por homicídios 51.434; em 2010, 50.780, enquanto por homicídios 52.260; em 2011, 58.134, enquanto por homicídio 58.198; em 2012 morreram em acidentes de trânsito 60.752 pessoas; (não temos os números de homicídios em 2012).

Importante frisar que dessas 60.752 que morreram em 2012, 41% eram jovens (18 a 34 anos).

Para se ter idéia da magnitude e da dimensão do problema, essas 60.752 mortes são iguais a 2 tragédias semanais como a que houve na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul; representam 90 em cada 100.000 jovens adultos brasileiros; mais de 95% desses acidentes fatais ocorreram por irresponsabilidade e imperícia; mas de 60% por ingestão de álcool.

40% desses acidentes ocorreram com motos; 25% com pedestres ou ciclistas; 18% com motoristas de carros, de ônibus ou caminhões; 17 % com passageiros.

O Brasil, se formos considerar os números mais verdadeiros, do DPVAT, eis que as pesquisas são feitas com base nas efetivas solicitações de indenizações, ostenta o vergonhoso 1º lugar em número de mortos por 100.000 habitantes: assim: 1º - Brasil, com 31,3; 2º - Catar, com 30,1; 3º - El Salvador, com 23,7; Belize, com 23,6; e Venezuela, com 23,4.

Além dos mais de 60 mil mortos no trânsito, temos, anualmente, 352.495 pessoas que ficam com paraplegia, tetraplegia, perda de quaisquer movimentos e lesões neurológicas.

Segundo o Centro de Pesquisa Jurídica Aplicada da Fundação Getúlio Vargas, 82% das pessoas acham fácil desobedecer as leis do País.

Ainda segundo pesquisa realizada pelo Observatório Nacional de Segurança para o DPVAT, 98% dos acidentes causados são oriundos de negligência, tais como: 1º - uso de celular; 2º - dirigir alcoolizado; 3º - dirigir colado na traseira de outro veículo; 4º - dirigir acima da velocidade permitida; 5º - deixar de ligar a seta; 6º - deixar de usar o cinto de segurança; 7º - não fazer a manutenção do veículo.

Como podemos ver dos números apontados, nada temos a comemorar na Semana Nacional do Trânsito, porque são mais aterrorizados do que a Guerra do Vitenã.

Concito a todos que conheçam esses números, que superam as mortes de câncer e do coração em nosso Brasil, constituindo-se num verdadeiro martírio para os pais, as mães, os parentes que perdem seus entes queridos.

Ameniza a minha angústia, o fato de, em setembro de 2013, ter apresentado o Projeto de Lei nº 6.250/2013, que institui o PRONARAT – Programa Nacional de Redução de Acidentes que, aprovado, estenderá a política pública Operação Lei Seca a todos os 5.565 municípios brasileiros, obrigatoriamente, para que não sejamos mais campeões mundiais em acidentes fatais de trânsito, com a perda, segundo o IPEA, de 40 bilhões de reais anuais em despesas médico-hospitalares, judiciais, de seguros e previdenciárias, que poderiam estar atendendo a nossa população nas áreas de saúde, de educação, de segurança, entre outras.