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sábado, 27 de setembro de 2014

CHICANA NACIONAL

A senhora presidente da República, diante da insatisfação generalizada da população brasileira com a corrupção endêmica que vem assolando o nosso país, e diante do decréscimo dos seus índices nas pesquisas de opinião há umas duas semanas atrás, certamente aconselhada pelos seus magos de campanha, resolveu, nos mais recentes programas do horário eleitoral gratuito, “assumir” o compromisso público de não dar tréguas à corrupção e a impunidade doa a quem doer.

Alvíssaras, até que enfim alguém nesta República, após as delações premiadas da vida, vê, ouve e fala – contrariando as figuras dos 3 macaquinhos (que nada vêem, nada ouvem e nada falam) – diante do saqueamento que vem sofrendo o Brasil por esses ladrões do nosso dinheiro.

Será? Tenho justas dúvidas em que isto possa acontecer, por várias razões:

1) Os delatores da roubalheira que vem sendo praticada estão incriminando homens importantes da República;

2) Os incriminados estão em conluio com gestores públicos não menos importantes;

3) Os incriminados, no desespero, não tem nada a perder e são capazes até de mandar matar, como já o fizeram com gente da própria sigla partidária;

4) Um ministro da mais alta corte do país pediu para sair para não morrer;

5) Se, efetivamente, forem incriminados aqueles que verdadeiramente se locupletaram, cai a República, cai o governo, e aí ....

Ao mesmo tempo em que a presidente da República faz uma profissão de fé com relação ao combate à corrupção de seus pares e aliados, entre outros, temos a notícia, neste fim de semana que, provavelmente, no início da semana que vem, o Supremo Tribunal Federal, em razão do instituto jurídico da “delação premiada”, deverá liberar o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o grande artífice das maiores falcatruas deste país, para cumprir a sua pena (ainda não definida – comenta-se, inclusive, que poderá não ser penalizado) em prisão domiciliar.

Parafraseando Renato Russo, da Legião Urbana, digo: “que país é este?”

Um ladrão que confessa ter ficado com 1 milhão e meio de dólares da roubalheira de mais de 100 bilhões da Petrobras, mercê da magnanimidade da Justiça, vai ficar em casa de sandálias de dedos, óculos escuros, tomando banho de sol à beira da piscina?

Se isto acontecer, tratam-se de vários tapas na cara dos homens e mulheres de bem deste país.

É essa a forma de combate à corrupção e à impunidade a que se refere a presidente da República, sem chicanas, como afirma ela em seus mais recentes pronunciamentos?

A ser verdadeira a hipótese da “prisão domiciliar”, isto não é nem mais chicana; isto é um circo, onde os palhaços somos cada um de nós.

Levantemo-nos contra essa vergonha nacional.