Senhora presidente Dilma Rousseff,
Sou brasileiro e como tal não posso apostar no quanto pior melhor. Entendo que quando uma pessoa chega ao mais alto cargo de uma Nação, ela tem o dever de defender os legítimos interesses de seus cidadãos, ouvindo e agindo em favor deles, em detrimento, inclusive, dos acordos partidários que eventualmente tenha feito para chegar a tal posição e/ou para tentar continuar no cargo.
A continuação deve ser contingência do atendimento da satisfação do povo em suas necessidades básicas, suas carências e seus anseios.
Anteriormente, numa de minhas falas da tribuna, em atenção à solicitação de Vossa Excelência, pós-manifestações de junho, em rede nacional de TV e rádio, para que nos manifestássemos, sugeri que fizesse um encontro de união nacional, com os líderes de todos os partidos políticos, para explicar-lhes que para que pudéssemos atender as necessidades da população brasileira, sobretudo a mais necessitada, não era mais possível, a titulo da governabilidade, de um governo de coalizão, num orçamento de 2 trilhões e 27 bilhões de reais, para 2013, prever-se 86 bilhões para investimentos e 611 bilhões em custeio (pessoal, materiais, serviços, etc.); ou seja a previsão é gastar-se 7 vezes mais com a máquina do governo (só com pessoal dos 39 ministérios, segundo a CGU - Controladoria Geral da União, 192 bilhões e 800 milhões).
Para o meu desprazer, confirmando a minha sugestão, leio, numa revista de grande circulação semanal, edição de 2 de dezembro de 2013, a entrevista de um empresário, presidente de um dos maiores grupos siderúrgicos da América Latina, dizer que: "Uma empresa privada que funcionasse como o Brasil estaria falida", invocando a necessidade de o país poupar e investir em infraestrutura e propor um circulo virtuoso: poupança, investimento, desenvolvimento, geração de empregos.
Diz esse empresário que o grande problema do Brasil é a poupança; que o país tem de chegar a uma poupança de 24 a 25 % do PIB - Produto Interno Bruto e que hoje estaria na faixa de 15%. Complementa o raciocínio, dizendo que um estudo do Banco Mundial mostra que, com uma poupança doméstica abaixo de 20%, o país não cresce mais de 2,5% ao ano (previsão dos otimistas para este ano).
O que quer dizer esse empresário, em outras palavras? Em última análise que o país gasta muito e mal, e, portanto, diz que não tem recursos para aplicar em investimentos, o que compromete as ações nas áreas de saúde, educação, segurança, habitação, transportes, entre outras.
O referido empresário acha que o país pode dar um salto se melhorar a eficiência administrativa e cuidar da visão estratégica.
Presidente Dilma, sejamos sinceros: além dos cerca de 900 mil cargos efetivos da máquina pública brasileira, precisamos ter mais 25 mil cargos de confiança?
Como se ter eficiência administrativa na máquina pública brasileira, com esse aparelhamento do Estado, com uma grande parcela dos integrantes desses 25 mil cargos não sabendo a diferença entre um ofício de um aviso ministerial?
A burocracia é a mãe da corrupção, essa praga que suga os cofres públicos em detrimento das necessidades da população, porque cria dificuldades para gerar facilidades; o mau gestor público, que se aproveita de tal situação, é o pai.
Corrupção que contribui para a diminuição dos investimentos e consequente crescimento do país.
O Brasil cresceu 1,2% em 2011; 0,9% em 2012 e a previsão para 2013 é de 2,5%. E em 2014, às vésperas das eleições, com o crescimento ainda maior das despesas de custeio, para atender ainda mais as "necessidades" político-partidárias, quanto cresceremos???
Presidente Dilma, a exemplo do setor privado, faça a governança (conjunto de processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e instituições que regulam a maneira como uma empresa é administrada ou controlada) que é preciso ser feita, a começar por reformas urgentes, inadiáveis, como a administrativa e a ministerial.
Concordo com o empresário quando diz que a empresa privada mal administrada morre e o governo não morre; o governo não morre, mas os cidadãos padecem, pagando a conta, com os tributos mais altos do mundo, sem a justa contrapartida dos serviços públicos a que tem direito, conforme reconhecimento da senhora em seu discurso pós-manifestações.
Presidente Dilma, não deixe o Brasil falir.
A virtude de um estadista, o que o diferencia dos comuns, é, na impossibilidade de atender a demanda social cada vez mais crescente, gerenciar com mais eficácia a escassez; escassez que poderia ser bem menor se não houvesse corrupção; privilégios; desperdícios incalculáveis com a máquina pública, entre outras mazelas da administração pública brasileira.
Encerro parafraseando Nelson Mandela, quando disse: “Tudo parece impossível até que seja feito.”.