O Jornal O Globo, edição de 22 de dezembro de 2013, produz uma matéria intitulada “Total de motoristas flagrados sob efeito do álcool cai 34% - Redução é constatada após um ano de vigência da Nova Lei Seca”.
Nesta matéria, mais uma vez, aparecem os “engenheiros de obras prontas”, querendo atribuir a nova Lei Seca (Lei Federal nº 12,760, de 20 de dezembro de 2012), a hipotética redução de casos de alcoolemia em relação a 2012 em nosso estado, ou seja, teria caído o total de condutores flagrados em blitzes dirigindo depois de ingerir bebida alcoólica.
A matéria é controversa porque, em um dos trechos diz que o número de mortos, apesar de ter sido reduzido se manteve praticamente estável (entre janeiro e setembro deste ano, foram registradas 1.229 mortes, apenas 2% a menos do que o total no mesmo período de 2012).
Evidente que o endurecimento da nova lei, com a duplicação das multas, a previsão de outras provas dos que se recusam a fazer o teste do etilômetro, contribuem para a reflexão dos condutores dos veículos, mas atribuir a redução de pessoas que ingerem álcool e depois vão dirigir a isso é de um oportunismo eleitoreiro sem tamanho, sobretudo quando os ouvidos na matéria tentam se adonar de uma política pública denominada Operação Lei Seca, inclusive com imagens desta, esta sim, que ao longo de 4 anos e meio vem salvando milhares de vidas, pois, como sabemos, se as leis não forem seguidas de políticas públicas tornam-se letras mortas.
Pergunto: se não tivéssemos a política pública Operação Lei Seca há 4 anos e meio nas ruas, ainda que tivéssemos a nova Lei Seca (Lei Federal nº 12.760, de 20 de dezembro de 2012) teríamos reduzido o número de pessoas que ingerem e depois vão dirigir?
Respondo: Não. Sabem por que? Porque a nova Lei Seca foi sancionada em dezembro de 2012, justamente para diminuir o número de acidentes de trânsito naquele Natal e no Ano Novo, e o resultado é que tivemos 38% de aumento nos acidentes de trânsito no Brasil, com exceção do Rio de Janeiro.
Aí, vem os “especialistas” (o Brasil tem "especialistas", assim mesmo entre áspas, para tudo), dar pitaco para sugerir que as blitzes sejam feitas também durante o dia; que as secretarias de saúde passem a indicar os pontos onde devem ocorrer as blitzes; criar blitzes itinerantes; que temos que zerar os números.
Só muita verborragia e apropriação indébita para sugerir tais ações, porque inviáveis, eis que, como fazer blitzes durante o dia, com o caos no trânsito que já temos? Como delegar esse tipo de trabalho as secretarias de saúde que já não dão conta da demanda que tem? Blitzes itinerantes a Operação Lei Seca já a faz há muito tempo. Só comemorar quando zerarmos os números é uma utopia, porque acidentes de trânsito sempre teremos.
Temos que acabar com o achismo e partir para o “fazismo” que é o que temos feito desde março de 2009, o resto é estelionato eleitoral.