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domingo, 8 de setembro de 2013

A PALAVRA DE ORDEM É FATIAR



É impressionante a capacidade do governo em subterfugiar quando não lhe convém atender aos reclamos da população e/ou dos segmentos produtivos da Nação.

Refiro-me, em primeiro lugar, a Proposta de Emenda à Constituição nº 349/2006, aprovada na Câmara dos Deputados, na 3ª feira passada, 3 de setembro, que aprovou, por unanimidade dos 452 deputados presentes ao Plenário, o término do voto secreto para cerca das duas dezenas das modalidades previstas regimentalmente; para todos os tipos.

Pois bem, enviada ao Senado, o presidente Renan Calheiros diz que aquela Casa do Congresso (o Senado) pretende fatiar a referida Emenda Constitucional. Em outras palavras, a proposta do presidente do Congresso Nacional é a de aprovar somente o voto aberto para a cassação de parlamentares, excluindo todas as demais modalidades, tais como: votação dos vetos da presidência da República; votação das indicações para os ministros dos tribunais superiores; votação para a presidência do Banco Central; e tantas outras.

O presidente do Senado deseja, como diz a mídia, congelar a PEC 349/2006 e votar a PEC 196/2012, esta que prevê o voto aberto só para a cassação dos parlamentares.

Em segundo lugar, a bancada do governo no Senado, convencida de que não tem votos para manter a multa de 10% do FGTS, em caso de demissão imotivada, quer fatiar a derrota obtida na Câmara e negociar o fim da multa em reduções suaves. A multa cairia para 8% num ano, 6% em outro, 4% mais adiante, até se extinguir completamente.

No primeiro caso – voto aberto para todas as modalidades de voto secreto - pergunta-se: é este o pleito da sociedade? Responde-se: Claro que não. A sociedade deseja e quer transparência total dos parlamentares brasileiros em todas as votações. Para isso foi à ruas.

No segundo caso – extinção da multa de 10% do FGTS em caso de demissão imotivada – é essa reivindicação dos segmentos empresariais brasileiros? Evidente que não, porque essa multa foi estabelecida anteriormente para equilibrar as contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, já sanada há muito tempo e que o governo quer manter sob a alegação de que esses recursos são para atender ao programa Minha Casa Minha Vida, o que na prática não vem acontecendo.

Fatiar, esta é a palavra da moda para tentar enganar a população, dando continuidade ao exercício de não ouvir os reclamos da sociedade. 

Mobilizemo-nos, pois, contra esse fatiamento inconsequente.

A resposta virá em 2014. Aguardem.

Carlos Alberto Lopes é deputado federal pelo Rio de Janeiro e líder do PMN